sexta-feira, 3 de abril de 2015

Aprenda a cultivar sua orquídea - Dendrobium

Dentre os gêneros de orquídeas, os dendrobiuns talvez sejam os mais ricos em diversidade. Existem espécies que se adaptam bem a climas quentes, outras a climas moderados e há ainda aquelas que florescem em climas frios. Sua origem é asiática, embora também existam também espécies da Oceania, somando mais de 1200 espécies já descritas.

Via de regra: comprou ou ganhou algum dendrobium?, identifique logo a espécie, pois, ao contrário das espécies mais comuns de orquídeas [que já foram temas desse blog em postagens anteriores (Phalaenopsis e Cattleyas)] que possuem regras gerais de cultivo, os dendrobiuns apresentam espécies de características bem particulares, e que por isso necessitam de cuidados diferenciados.

Vamos lá então?
Já que os dendrobiuns apresentam características particulares e que às vezes podem dificultar seu cultivo, iremos facilitar as coisas, dividiremos os dendrobiuns em duas classes:

  • Dendrobiuns de folhas perenes: são aqueles em que as folhas não caem, nem por conta das estações do ano e nem por conta do aparecimento das flores. Um dos representantes mais conhecidos dessa espécie são os Denphal (Dendrobium phalaenopsis) - representados por todas as imagens abaixo.



 

 

 

 

 

 

 

 

Viu só a grande variedade de cores e formatos? A imagem abaixo mostra melhor a planta completa. As folhas crescem aos pares nesse "tubo" verde de onde sai uma haste contendo as flores.


As plantas dessa espécie são excelentes para iniciantes no cultivo de orquídeas, pois florescem 2 vezes ao ano, com flores que podem durar até 60 dias, além de possuírem muitas variedades de cores ótimas para quem aprecia seu potencial decorativo.

Clima

Se adaptaram muito bem aqui no Brasil.Toleram bem climas quentes e úmidos, porém em climas secos o número de flores pode reduzir. As orquídeas de folhas perenes normalmente não toleram bem o frio (em geral abaixo de 18ºC).

Luminosidade

Evitar sol direto. Podem ficar num orquidário com boa ventilação (mas sem pancadas de ventos) e sombreamento de 50 a 80% dependendo da incidência de luz solar da sua região. Podem ainda serem mantidas dentro de casa num local bem iluminado.

Substrato

O mesmo da maioria das orquídeas: pedaços de casca de coco, carvão ou pinus que podem ser usados isoladamente ou misturados entre si. Elas também podem ser amarradas a árvores (evite aquelas árvores que soltam a casca como as goiabeiras), já que a maioria das orquídeas que vivem na natureza são epífitas, ou seja, crescem agarradas às árvores sem no entanto causar nenhum dano a mesma. Ao contrário do que muitos pensam as orquídeas não são parasitas apenas se apoiam sobre os galhos das árvores.

Regas

Sempre que o substrato estiver seco. Em regiões mais quentes é necessário regá-las todos os dias no verão ou pelo menos dia sim, dia não. Nas demais épocas do ano rega-se a cada dois ou três dias. para não errar vale a regra do toque: aprofunde o dedo indicador no substrato e sinta se está seco, se sim, tá na hora de regar, mas se estiver ainda úmido aguarde mais um dia ou dois. 

Vasos

Não se preocupe em matá-la de sede, as orquídeas são muito resistentes e é mais comum matá-las por excesso do que por falta d'água. Quando o substrato está muito encharcado as raízes podem apodrecer, por isso os vasos possuem pelo menos um furo no fundo e não é aconselhável deixar pratinhos em baixo, é por isso também que o substrato é cortado em pedaços, pois além de não permitir o acúmulo de água evitam o sufocamento das raízes já que elas também respiram.

Adubação

A adubação requer observação e, além disso, é preciso escolher entre os dois tipos de fertilizantes: o químico, normalmente aspergido por meio de um borrifador sobre o dorso das folhas a cada 15 dias, ou de acordo com as recomendações do fabricante; ou o orgânico, um pó composto de matéria orgânica (farinha de osso, esterco de galinha, farinha de mamona, etc), também conhecido como "viagra", que deve ser espalhado em pequenas quantidades sobre o substrato, mensalmente ou de acordo com o recomendado pelo fabricante.
Muitos orquidófilos recomendam para os iniciantes o adubo químico NPK 10-10-10 ou 20-20-20, que pode ser utilizado em qualquer período de crescimento da planta (exceto quando está com flor, onde normalmente suspende-se a adubação). Entretanto, se você quer ir além do básico, é preciso pesquisar e se aprofundar um pouco, pois as orquídeas possuem diferentes períodos de desenvolvimento (emissão de raízes, surgimentos de novas folhas ou pseudobulbos e o período de floração) e existe um tipo de fertilizante para cada período. Só esse tema dá uma nova postagem, por isso indico o seguinte link:http://www.aorquidea.com.br/arq17.html, lá tem o melhor conteúdo informativo para quem deseja estudar mais um pouco sobre adubação.

  • Dendrobiuns de folhas decíduas: suas folhas caem antes de se iniciar a floração, contudo, curiosamente, a depender das influências climáticas ou da frequência de regas, as espécies desse grupo de dendrobiuns, ao invés de gerar flores podem gerar brotos após a caída das folhas. Seguem algumas imagens:
Dendrobium densiflorum

Dendrobium loddigesii

Dendrobium anosmum


Variedades de 
Dendrobium nobile "olho de boneca":

 


Esses dendrobiuns emitem bulbos que se assemelham a cana-de-açúcar com vários nós de onde saem as folhas. Esses bulbos podem ser eretos (como Dendrobium nobile) ou pendentes (como Dendrobium densiflorum e loddigesii). Geralmente um ano após o surgimento de um novo bulbo, suas folhas começam a cair, e desses nós começam a sair as flores que podem durar até 30 dias. E após a queda das flores costumam aparecer brotos, as folhas não voltam a crescer. 

Clima

Esse grupo de dendrobiuns costuma obter mais sucesso no cultivo em regiões que possuem as 4 estações bem definidas. Nas regiões quentes, florescem de forma acanhada e algumas não florescem. Entretanto, por alguma razão Dendrobium anosmum floresce bem nessas regiões.

Luminosidade

Ficam bem em ambientes sombreados, contudo, antes da floração (meados de junho) é preciso colocá-los em ambientes bem iluminados para estimular a floração (que ocorrerá próximo à primavera, entre agosto e setembro). Nesse período não os exponha à luz solar direta nas horas quentes do dia, mas você pode colocá-los no lugar mais claro do seu orquidário ou da sua casa, podendo até levar um pouco de sol no início da manhã ou no fim da tarde. Siga a orientação das regas para garantir o surgimento de flores e não de brotos no período da floração, o que é muito comum de acontecer.

Substrato

Siga o mesmo do grupo acima (dendrobiuns perenes).

Regas

Aqui encontramos uma outra particularidade desse grupo. Você regará normalmente sempre que o substrato secar, porém, a partir de junho, você deverá suspender as regas para que a planta floresça, além de transferir a planta para um lugar mais iluminado. Faça assim: nas duas primeiras semanas de junho escolha três dias não seguidos para apenas borrifar água nas folhas e raízes, sem encharcá-las; na terceira e quarta semana borrife apenas duas vezes. A partir de julho passe a borrifá-la apenas um vez, faça isso até que se abram as flores (por volta de agosto ou setembro).
Fazemos isso pois a planta ao sentir que passará por períodos de escassez de água passará a concentrar a sua energia para a perpetuação da espécie, ou seja, para a formação de flores que poderão ser polinizadas e gerarão sementes que darão origem a novas plantas.

Adubação

Siga com as mesmas orientações do grupo acima (dendrobiuns perenes).
 
Após terminar a floração o bulbo do dendrobium que floresceu não gerará novas folhas, ele poderá dar origem a alguns brotos, que você poderá deixá-los crescer lá mesmo ou, após surgirem algumas raízes neles você poderá arrancá-los e replantá-los. 


Um comentário:

  1. Ao
    Orquidário beija Flor,


    Meus sinceros agradecimentos por esta informação. Para mim foi de muita importância.
    Agradeço aos estudiosos deste orquidário pela forma de explicação.

    Atenciosamente,

    EDISON JOSÉ DA SILVA SEABRA

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