sexta-feira, 13 de março de 2015

Coisas que todo orquidófilo precisa saber (parte 1) - taxonomia


Qualquer pessoa que pretende conhecer um pouco mais sobre orquídeas, precisa inicialmente adquirir um pouco de conhecimento sobre taxonomia. Isso mesmo, precisa estudar! Tá pensando que é moleza?!
Bem, obviamente que não é necessário ser Doutor no assunto, mas uma introdução ao tema lhe ajuda imensamente a entender um pouco sobre essas plantas. Vamos lá então:

Taxonomia, em termos simples nada mais é do que um ramo da biologia que classifica os seres vivos. Mas de que forma?

Primeiramente temos que partir do princípio que todos os seres habitantes deste planeta tivemos, em algum momento da evolução, uma origem em comum, ou seja temos uma similaridade genética. Isso mesmo, num passado muito, muito distante (do ponto de vista humano, claro! Para o planeta deve ter sido num piscar de olhos) quando o planeta era quente, instável e hostil, todos tivemos um ancestral em comum. Coisa estranha né? Segundo algumas hipóteses sobre o surgimento da vida na Terra, os primeiros seres vivos eram constituídos de uma única célula e habitavam os mares.


Ao longo do tempo esses seres foram evoluindo, saindo das águas e acabaram povoando todo o planeta até chegar ao que somos hoje (humanos, plantas, pássaros, peixes, fungos, bactérias...) e, para facilitar o nosso estudo, vários cientistas resolveram classificar os seres vivos de acordo com a sua semelhança.
 


Assim, chegamos a seguinte divisão:
·                Reino: começa a organizar a bagunça, pois divide todos os seres vivos em cinco grandes reinos:
                        - Animalia: nós e todos os animais.
                        - Plantae: todas as plantas (e, obviamente, as orquídeas).
                        - Protista: algas.
                        - Monera: bactérias.
                        - Fungi: fungos.
·                Filo: é uma subdivisão dos reinos, ou seja, cada reino é organizado em vários filos, pois cada filo irá agrupar seres vivos que são mais semelhantes entre si, por exemplo no reino vegetal temos o filo das samambaias e avencas (filo Pterophyta) e o das orquídeas é o filo Magnoliophyta, também fazem parte desse filo as bromélias, a flor-de-lótus e as amaryllis.
bromélias
flores-de-lótus
amaryllis

·                Classe: é uma subdivisão dos filos. As orquídeas pertencem a classe Liliopsida, assim como as bromélias e as amaryllis, já a flor-de-lótus pertence a outra classe, a Magnoliopsida.



·                Ordem: subdivisão das classes. Ordem das orquídeas: Asparagales, aqui as bromélias e as orquídeas se separam (lembram da similaridade genética falada no início? Pois é, as semelhanças entre orquídeas e bromélias acabam por aqui), mas a similaridade entre orquídeas e as amaryllis continuam, pois ambas pertencem a mesma ordem, assim, podemos dizer que as orquídeas e as amaryllis são mais próximas geneticamente do que as orquídeas e as bromélias.

·                Família: subdivisão da ordem. Família das orquídeas: Orchidaceae (se pronuncia orquidace). E ainda existem as subfamílias de orquídeas, mas não vou me deter a elas pra você não se cansar e terminar sua leitura por aqui, mas se tiver interesse em saber visite: http://pt.wikipedia.org/wiki/Orqu%C3%ADdea#Taxonomia .


·                Gênero: perceba que tudo funciona como um funil, de tal forma que a partir da Família Orchidaceae não encontramos mais as amaryllis, apenas as orquídeas, contudo, a diversidade dessa família é tal que já se encontrou mais de 1800 gêneros de orquídeas! Os mais conhecidos (tenho certeza que você já ouviu falar de alguns deles) são: Cattleya, Phalaenopsis, Dendrobium e Oncidium.

·                Espécie: cada gênero também possui várias espécies, isso mesmo um único gênero pode conter até 2.000 espécies. Que diversidade impressionante! Assim temos por exemplo no gênero Cattleya as seguintes espécies: Cattleya labiata, Cattleya forbesii, Cattleya elongata, Cattleya walkeriana, etc, etc, etc...

      Pensa que acabou? Não bastasse as mais de 30.000 espécies de orquídeas, existem ainda os cruzamentos entre espécies que dão origem aos híbridos, e há também os cruzamentos entre híbridos Pois é, a diversidade desta família nunca tem fim! Existem os híbridos naturais, que são aqueles resultantes da polinização natural (através dos insetos) entre espécies diferentes. Mas existem também os híbridos artificiais, que são resultados do cruzamento entre as espécies (aguardem post sobre polinização) de acordo com nosso interesse. Assim, se temos duas plantas do mesmo gênero, porém de espécies diferentes, podemos polinizá-las a fim de gerar um híbrido com características das duas espécies. Para saber mais acesse: http://pt.wikipedia.org/wiki/Orqu%C3%ADdea#H.C3.ADbridos

Alguns exemplos de híbridos:



Assim, quando falamos de orquídeas falamos de uma família (orquidaceae). Quando falamos em Cattleyas, Phalaenopsis, Dendrobium estamos falando de gêneros. E quando falamos, por exemplo Cattleya labiata estamos falando de uma espécie. E ainda existem as variedades de cada espécie. Quando você ver escrito após a espécie os nomes alba, rubra e coeruela, por exemplo, eles se referem a variedade daquela espécie, que geralmente está associada à cor da orquídea.
Em geral costumamos citar mais os gêneros, visto que nem sempre conseguimos identificar as espécies devido à grande variedade de orquídeas existentes. Os gêneros reúnem características específicas que nos ajudam a agrupá-las, entretanto ainda pode nos confundir. Os gêneros cattleya e laelia, por exemplo, possuem características físicas muito similares.
       
Cattleya labiata

Laelia purpurata

Porém, espécies de um único gênero podem aparentar grandes diferenças físicas, além de particularidades climáticas e de umidade. O melhor exemplo é o gênero dos dendrobiuns, um dos maiores da família.

Dendrobium pierardii

Denphal (chamada assim pela sua similaridade com as orquídeas do gênero Phalaenopsis, na verdade seu nome é dendrobium phalaenopsis. E antes que você questione se é resultado de um cruzamento entre os dois gêneros, respondo: não! Nem sempre se consegue cruzar dois gêneros diferentes, isso devido a incompatibilidade genética)

Dendrobium spectabile


Chegamos ao final da postagem. Esperamos que vocês tenham gostado, e se ainda ficaram dúvidas, ou se você gostaria de fazer alguma crítica ou sugestão deixe seu comentário. E continuem acompanhando nossas postagens. Um abraço e até mais!

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